Santorini - uma ilha de sonho

Foram poucas as ilhas visitadas na viagem, mas ir até Santorini é definitivamente uma obrigação para quem quer visitar as ilhas gregas. A ilha de Santorini desenvolve-se num crescente de terra à volta de ilha central, onde permanece o vulcão que há séculos atrás destruiu parte da ilha. Toda essa zona é denominada como "caldera" e podemos ver as cidades penduradas nos penhascos e as vistas mais conhecidas de Santorini, embora existam também na ilha, zonas mais planas e mais próximas do nível do mar.




A ideia foi sair de Creta de barco até Santorini e fazer uma excursão para visitar o máximo possível. Esquecemos o ferry que leva cerca de 5 horas e partimos a voar sobre as águas no "Flying Cat 4", um catamaran vivaço de cor vermelho e alusivo à Vodafone. Andar de catamaran não é para qualquer um. O Flying Cat era realmente maluco e levava-nos a voar e a vomitar as tripas ao mesmo tempo. A viagem para lá foi atribulada e metade das pessoas que iam disseram olá ao gregório, enquanto iam agonizando sentadas ou quase deitadas no chão. Felizmente consegui escapar-me à experiência apesar das minhas têndencias para o enjoo em transportes, mas tive de ir permanentemente de olhos fechados para resistir ao enjoo, e a pensar na hora em que sairia daquele barco do inferno.
Chegados a terra firme em Santorini, não podemos deixar de olhar para trás e tentar esquecer que temos de fazer a viagem de volta. Mas o Flying Cat, ou o barco do vómito, como carinhosamente irá ficar recordado, tinha sentido de humor, e pintado nas suas costas podemos ver a pergunta "How are you?"... :-) Nice!




Há quem diga que as estradas antigas na Madeira são um pesadelo, pois, isso é porque nunca estiveram em Santorini. Do porto, subimos de autocarro uma encosta escarpada com uma estrada mínima, sempre ziguezaguiando até lá acima e com o precípicio mesmo debaixo da janela.
O primeiro local da ilha a visitar foi Pyrgos e é uma vila exemplo de Santorini interior, com alguns mosteiros de cúpulas azuis e o espírito local.
Seguimos para Oia ou Ia, a cidade de onde se diz que tem a vista mais bonita da ilha e que fica numa das pontas do crescente. Aqui em Ia começamos realmente a ver as vistas de Santorini, com as cúpulas azuis, muitas lojas diferentes e com um grande preciosismo estético, que formam um intricado complexo de ruas estreitas. A tentação de comprar qualquer coisa é grande e tirar milhões de fotos uma paranóia. Entre a vista magnífica do mar e da "caldera" e o bom aspecto das lojas e pequenos restaurantes, e nichos a fazer-se à foto, perdemos a respiração.
Em Ia podemos ver também ver um burro especial, que transporta o lixo da zona central, pois as ruas estreitas e em degraus não permitem passagem de véiculos.




Próxima paragem: Fira, a capital de Santorini. É uma cidade mais pequena mas mais cosmoplita e também fica encavalitada a meio da encosta e a meio do crescente. O espírito e a paisagem urbana são similares aos de Ia, mas a agitação é maior. As ruelas são intricadas repletas de lojas de souvenirs, joalharias, restaurantes, e uma infinidade de comércio.

Fico com pena de não ter tido tempo de disfrutar um pouco mais de Santorini, banhar-me nas suas águas azuis cobalto e visitar as praias características de cor preta ou vermelha, assim como uma ida de veleiro até à ilha do vulcão.
Despedi-me de Santorini com um sorriso triste e desejos de voltar. De regresso, a viagem para Creta no Flying Cat foi bastante mais calma, embora de olhos fechados na mesma e a pensar no dia cheio de recordações. Santorini é realmente uma ilha de sonho.

Preveli Beach / Creta

A praia de Preveli é uma das praias mais incomuns de Creta e embora chegar até lá, descer até lá seja bastante cansativo, a beleza da praia faz-nos esquecer esses pequenos detalhes. O local é remoto e a estrada através das "montanhas" de Creta faz-nos perder a vontade, mas ao chegarmos lá vale sem dúvida a pena.
Depois de estacionarmos no topo do penhasco, é descer o "Bom Jesus" de Creta. Para compensar do esforço, podemos ir apreciando a vista do Mar da Líbia e da costa.
A praia de Preveli distingue-se das outras por ter mar e rio. O rio desagua na praia e as suas margens são rodeadas de palmeiras. No verão, é possível andar de gaivota no rio.















Entrar na água é que é uma verdadeira aventura, pois o chão está recheado de pedras grandes, roliças e escorregadias e se o mar estiver meio revolto, então é que são elas. Mas depois dos 15 minutos que nos leva a conseguir sair do mar, com algumas quedas pelo meio e espectáculo circense, podemos ir relaxar para o rio e retirar o sal, pois as águas de Creta são bastante salgadas.

Um último conselho: se um dia lá forem, vão cedo, pois por volta das 5h o sol esconde-se por detrás da encosta. Perto existe também o mosteiro Moni Preveli, que vale uma visita, embora já não tenha conseguido lá chegar a tempo. Na bonita Preveli conseguimos sentir, realmente, a natureza em estado bruto.

Kalimera Creta

Já há muito tempo que não actualizava o meu blog. Mas agora realmente tenho uma viagem a reportar, digna de menção bloguista. O tempo foi pouco, o dinheiro foi o que se pode, a companhia foi muito boa e as paisagens de chorar por mais.
Foi uma semaninha em Creta, Santorini e Atenas que fica na lembrança e no recorde do voo mais prolongado até hoje. Ufa... e voltei sã e salva para vos contar a história.

Era uma vez em Creta... o primeiro empacto na capital é que até é parecido com o Algarve, na construção, na poluição visual de cartazes e mais coisas, mas o pior é que não se percebe nada daquilo que está lá escrito.
No centro da cidade já começamos a ter coisas mais interessantes, muitos restaurantes, muitos deles vocacionados para os turistas menos atentos, bares com um ambiente muito fixe (excepto a música, que invariavelmente é sempre, música grega, claro), algumas lojinhas para o souvenir e muitas lojas para compras mais normais.

Em Heraklion ( a capital de Creta), é obrigatório visitar o Museu Arqueológico, uma vez que reúne todos os objectos importantes que foram encontrados nos sítios e escavações dos palácios minóicos, como o Disco de Festos (um disco que têm o alfabeto minóico representado e que nunca foi decifrado), a cabeça do touro, e mais uns quantos artefactos importantes. Depois de verem este museu, todos os outros vos parecerão a mais.

Perto de Heraklion fica o conhecido Palácio de Knossos. Mais uma vez, exploradores incautos, não se deixem enganar pelas pessoas à entrada que vos tentam vender uma visita guiada com a afirmação de que o palácio é muito grande e podem-se perder. Nada disso, a maioria do palácio está em ruínas e vê-se bem confiando nos textos que guiam o percurso. Embora Knossos nas fotos pareça uma coisa muito imponente, na realidade não é, e na realidade também não é real. O arqueólogo que devolveu Knossos à vida, um tal de Arthur Evans, decidiu que as ruínas precisavam de algum brilho e cor, e por isso muito do que se vê com mais interesse são reconstruções, nem sempre muito fiéis. No entanto a nível de ruínas minóicas a visitar, este é o primeiro local a ver e se quiserem o único, porque os restantes e confesso que só vi mais dois (embora hajam pelo menos uma centena, espalhados pela ilha), são mesmo ruínas...ruínas. Ah, desengane-se quem pensar que se pode visitar o labirinto do minotauro, pois é apenas um mito. O Palácio de Knossos é que era um local muito intricado e daí a origem do mito do labirinto.
Já agora como comentário trivia, a palavra Heraklion vêm do nome de Hércules. Após Hércules ter capturado o minotauro, como um dos seus trabalhos, o rei Minos e os seus súbditos ficaram tão agradecidos que deram o seu nome a esta cidade portuária.




Para além das várias ruínas minóicas para ver, existem algumas grutas (pessoalmente não fui a nenhuma), muitos mosteiros espalhados pela ilha e muitas lojas de souvenirs. :-)
Em relação aos mosteiros, se pretenderem visitar algum, é conveniente levar roupa adequada que cubra o corpo (nada de calções ou tops sem mangas, nos mosteiros que são guardados, não vos deixam entrar nesses preparos)

Ah, e o que há mais...são praias!! Já posso acrescentar mais dois mares no meu reportório de mergulhos: o mar de creta e o mar da líbia. O tempo é que foi muito pouco e as praias visitadas também foram poucas, mas acredito que existem locais excelentes que deixei para visitar numa próxima visita. Assim sendo, aconselho a praia de Kato Gouves, um extenso arenal cor de castanha, com água límpida, quente e muito calma. Fica num sítio meio descampado, mas é um sossego. Seguindo a linha da costa, de Heraklion para este, passam por Hersonissos e Malia. Ora a não ser que tencionem fazer compras, frequentar praias cheias de turistas ou beber e comer até fartar, podem passar esta zona assim de fuga. Existe a ruína minóica do Palácio de Malia que não visitei. Seguindo a frente, existem boas praias em Elounda e Agios Nikolaus merece bem uma visita, uma cidade muito gira que têm um lago com água do mar e muita animação nocturna.
Seguindo ainda muito em frente, existe a praia de Vai, dizem que é muito boa e a única praia com palmeiras da ilha, mas ainda fica um pouco longe e não deu para lá ir.

De Heraklion para oeste, acredito que existam muito boas praias, aliás as praias do Norte de Creta, situadas no mar de creta são praias mais calmas e para o relax.
Outra cidade a visitar sem falha é Rethymion, com o seu mercado otomano, mais uma vez cheio de lojas, restaurantes e animação. O que é bom é que as lojas de souvenirs fecham tarde tipo centro comercial e é um bom programa para depois do jantar (na maioria das cidades). Também tem praia e um forte veneziano.

Na parte de Creta junto ao Mar da Líbia é que a beleza de Creta se desvenda. O mar pode ser muito revolto, estar muito vento e entrar e sair da água ser uma verdadeira aventura, mas também existem pequenos paraísos. Ficam mencionadas a praia de Matala, mais turística, a praia de Kommos mesmo ao lado, e a praia de Preveli, que por ser uma praia incomum espero fazer um post sobre ela. Ir de Heraklion para a parte sul da Ilha é que é chato, pois apanha-se muita estrada de montanha.

Outros locais minóicos visitados foram Gortya, que de referência têm uma basílica em ruínas e uma parede com o código de leis que influenciou a nossas leis hoje, e também Festos, que sendo o 2º local minóico mais importante deixa muito a desejar, pois é mesmo só... ruínas.




Outro apontamentos
A nível de comida existem coisas boas para se experimentar como a Moussaka. No entanto, encontrar restaurantes com comida grega fiel é mais complicado, pois a maioria dos restaurantes estão vocacionados para os turistas, e muitos deles têm a ementa por imagens. Embora tenham comida grega como a moussaka, folhas de videira, almôndegas gregas, também tem outros pratos como pizzas e massas ou saladas, e muita batata frita.

A nível de condução em Creta, alugar um carro é barato, cerca de 35 euros por dia, dão o carro sem saberem sequer quanto tem o depósito e quando entregas o carro, nem vão verificar. (Embora fiquem com os dados do hotel e quarto, por o caso de haver chatices). A gasolina é mais ou menos o mesmo preço e os preços das coisas também. A água é mais barata e o resto das bebidas é melhor evitar, pois são os olhos da cara, mesmo o café.

Conduzir em Creta é uma aventura. E como dizia o meu sábio acompanhante, em Creta há duas coisas que desconhecem: passadeiras, e traços contínuos. O habitual numa estrada tipo rápida é conduzir pela berma, e se fores na única faixa, apitam-te para te desviar, e se demorares muito tempo, eles passam na mesma, mesmo que haja um duplo traço contínuo e um carro a vir na outra direcção (que se pode desviar perfeitamente para a berma para não bater). As placas aparecem em grego primeiro, e a seguir há geralmente uma placa com os mesmos nomes em alfabeto latino.
Ficam aqui alguns conselhos e pormenores interessantes. Mais cenas da viagem à Grécia nos próximos capítulos.

Fotos:
1- Praia de Matala
2- Praia de Kato Gouves
3- Knossos
4- Heraklion - zona ribeirinha
5- o exterior de um mosteiro
6- costa do Mar da Líbia
Kalimera quer dizer Bom Dia.